O movimento das artes visuais que vem se renovando dentro das faculdades, ganhou nesta semana uma vitrine muito simbólica e potente, a Kamara Kó Galeria, um dos espaços inseridos na programação de um movimento que, insurgente, dialoga diretamente com a sede de jovens artistas, emergentes de uma cena que, por tradição, em Belém, traz em sua veia o hibridismo e a ousadia. O Vadios, coletivo convidado do !PULSA! Movimento Arte Insurgente, embora tenha uma trajetória relativamente curta em Belém realiza a sua segunda exposição, intitulada "Organoléptica", nome que remete à percepção dos sentidos que guiará o público visitante até o próximo domingo, 17 de novembro.
Trabalhando com a ideia de imersão sensorial, o coletivo pretende fazer com que o público não apenas observe, mas sinta as obras, em suas inúmeras possibilidades. “Aqui, a proposta é que o público veja o som, sinta as sombras. O nome 'Organoléptica' surgiu de forma quase intuitiva, ligado a essas sensações corporais, essas percepções que nos conectam para além de um conceito lógico.”, diz Naclara, uma das artistas integrantes do coletivo.
De acordo com Naclara, aluna do curso de artes visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA) e uma dos 9 integrantes do coletivo Vadios, essa exposição é um desdobramento da primeira, cuja essência já abordava temas como temporalidade, morte e as passagens da vida. “Estamos falando de fases da vida, de transições, de momentos que marcam o nosso existir”, comenta.
O conceito da exposição foi construído ao longo das atividades preparatórias, que incluíram rodas de conversa e oficinas, trazendo à tona diferentes perspectivas sobre a vida e a morte. “A exposição é o reflexo dessas individualidades, que se unem como órgãos de um corpo coletivo”, explica Naclara, a riqueza de perspectivas que surgem de um grupo jovem, trazendo experiências e recortes muito distintos de cada um.
A exposição contou com o apoio de figuras chave como o curador Pablo Mufarrej e a galerista Makiko Akao, além de Alexandre Sequeira, artista visual e professor da faculdade de Artes Visuais da UFPA, que colaborou com os alunos e na articulação da realização da mostra, como consultor artístico do !PULSA!, na fase das escutarias realizadas, no início deste ano.
A exposição "Organoléptica" está aberta ao público e pode ser vista até o próximo domingo, 17 de novembro. De quarta a sábado, das 15h às 18h30 (com microfone aberto às 16h) e no domingo, das 9h às 13h. A Kamara Kó Galeria fica localizada na Trav. Frutuoso Guimarães, 611, no bairro da Campina, oferece entrada gratuita. O !PULSA! é uma realização da Olhares Instituto Cultural e Outra Margem, com patrocínio do Instituto Cultural Vale e Ministério da Cultura, via Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Resumo do Primeiro Dia do !PULSA! Movimento Arte Insurgente
O !PULSA! Movimento Arte Insurgente iniciou sua terceira edição em Belém com uma programação intensa e diversificada no dia 9 de novembro, promovendo conexões entre a cultura local e práticas artísticas contemporâneas de várias regiões do Brasil.
Pela manhã, o festival abriu com a exposição “Organoléptica” do Coletivo Vadios na Kamara Kó Galeria, trazendo uma experiência sensorial e visual marcante. Paralelamente, na Casa da Linguagem, o workshop “Narrativas do Afeto - A Crítica que !PULSA!”, ministrado por Kil Abreu, incentivou uma abordagem afetiva e inovadora para a crítica artística. Na Associação Fotoativa, Jaya Batista conduziu o encontro “Troca de Saberes e Diálogos em Produção Cultural”, promovendo reflexões e práticas colaborativas.
Durante a tarde, o público pôde prestigiar a performance “Ponto Final, Ponto Seguido” de Uýra Sodoma, que ocorreu na Praça da Bandeira, abordando questões ligadas ao meio ambiente e à identidade. À noite, o Centro Cultural Bienal das Amazônias foi palco de um debate sobre ativismo territorial, reunindo ativistas e artistas para discutir o papel da arte na transformação social.
O destaque teatral ficou por conta do espetáculo “Parem de Falar Mal da Rotina”, com Elisa Lucinda, que trouxe ao Teatro Margarida Schivasappa uma reflexão sobre a beleza do cotidiano e das pequenas coisas. Encerrando a programação do dia, o Baile do Mercado animou o Mercado Porto do Sal com apresentações de brega, a Quadrilha Fogo no Rabo e DJs, celebrando a cultura popular paraense em uma noite vibrante.
Programação do Dia 10 de Novembro
No segundo dia, o festival continua com mais atividades, incluindo a segunda apresentação do espetáculo “Parem de Falar Mal da Rotina” de Elisa Lucinda, às 19h00, no Teatro Margarida Schivasappa. A programação traz ainda outros eventos culturais que ampliam a conexão entre a arte e o ativismo social.
Semana Completa de Atividades até 17 de Novembro
O !PULSA! segue até o dia 17 de novembro, com uma programação abrangente de espetáculos, workshops e debates. Para mais informações, acesse pulsa.art.br.
Serviço
!PULSA! Movimento Arte Insurgente - De 9 a 17 de novembro, o !PULSA! em diversos espaços da cidade. A programação completa está no site https://pulsa.art.br/. A retirada de ingressos (gratuitos) é pelo SYMPLA. A realização é da Olhares Instituto Cultural e Outra Margem, com patrocínio do Instituto Cultural Vale e Ministério da Cultura, via Lei Federal de Incentivo à Cultura. Parceria institucional: Fundação Cultural de Belém, Prefeitura Municipal de Belém, Fundação Cultural do Estado do Pará, Secretaria de Estado de Cultura e Governo do Pará. Apoio Cultural: IBT - Instituto Brasileiro de Teatro.
Texto: Luciana Medeiros