VII Feira da Reforma Agrária mostra força do MST no Pará, com vasta e diversa programação

Novidades

Publicado em 17/04/2023

Evento é uma realização do Movimento dos Trabalhadores Sem-terra no Pará e faz alusão ao crime internacionalmente conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás, que completa 27 anos nesta segunda (17)

Começa hoje em Belém a VII Feira da Reforma Agrária Popular Mamede Gomes de Oliveira, evento organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra do Pará, o MST, seguindo até quinta-feira (20). Como em todos os anos, o evento acontece em alusão ao crime internacionalmente conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás, acontecido em 17 de abril de 1996, e que nesta segunda (17), completa 27 anos.

Todos os anos, o MST organiza caravanas que vêm a Belém com a missão de mostrar e vender seus produtos frutos do trabalho de agricultura familiar realizado nos assentamentos do Pará, além de promover debates, discussões, e programações culturais voltadas às filosofias do movimento, que são a promoção da Reforma Agrária, a construção coletiva e participativa e a defesa do território amazônico contra o trabalho escravo, pela paz no campo e preservação da floresta amazônica. Além disto, o MST promoverá discussões sobre sustentabilidade e alimentação saudável, temas que tem protagonizado, visto que os produtos de seu trabalho são sempre orgânicos e seguem linhas de produção sustentável.

Crescendo a cada ano, este ano a Feira reúne uma vasta programação que contará com debates, oficinas, shows, espetáculos teatrais, performances e místicas. Já a feira agroecológica, que apresenta os produtos orgânicos vindos dos assentamentos do Pará, estará aberta durante toda a programação, com venda de produtos orgânicos, manufaturados e agroecológicos, vindos direto das hortas e assentamentos do MST.

Homenageados

Mamede Gomes de Oliveira, que dá nome ao evento, foi um histórico militante do MST do estado do Pará, assassinado aos 58 anos dentro de seu lote na região metropolitana de Belém, com dois tiros disparados por Luis Henrique Pinheiro, preso logo após o assassinato.

Nascido no Piauí, ele ainda criança foi para Pedreira, no Maranhão, e logo depois veio para o Pará. Atuou nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), no município de Ananindeua, antes de ir para a ocupação da Fazenda Taba em 1999, hoje assentamento Mártires de Abril. Neste período, se tornou militante do MST. Mamede era uma grande referência na prática da Agroecologia e criou o Lote Agroecológico de Produção Orgânica (Lapo), onde desenvolvia experiências de agricultura familiar para comercialização e consumo próprio.

Já o palco principal da Feira terá o nome “Rafael Lima”, em alusão ao cantor e compositor paraense Rafael Lima, falecido em 8 de outubro de 2022 em Belém, vítima de um tumor cerebral. Em vida, Rafael foi um defensor das causas populares, e usou sua voz para denunciar os conflitos de terra no Pará. Considerado pelo Movimento como um dos seus, o artista paraense fez várias canções em homenagem ao MST, com quem tinha estreitas relações de amizade. Entre estas encontra-se a bastante conhecida pelos militantes Sem-terra “As Pedras Gritarão”, que conta a história dos trabalhadores Sem-Terra mortos no Massacre de Eldorado dos Carajás: “Dezenove brasileiros foram massacrados na PA-150/ Dezenove lavradores foram assassinados na Curva do S então/ Eram Silvas, Pereiras, Almeidas, Santos, Dias e Nascimentos/ Gente de brio e fibra como eles não são tantos, atrás de teto e chão”, dizem os versos.