Mobilização civil para a transformação da política cultural
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Publicado em 12/12/2022

Foto: Divulgação 

 

Por Ju Abe

 

Aconteceu neste sábado (10) no Teatro Experimental Waldemar Henrique, em Belém, o “Encontro Amazônico de Políticas Culturais”, evento organizado por diversos agentes culturais e idealizado pela produtora belenense Lorena Saavedra, cujo principal objetivo foi fortalecer os caminhos na busca de soluções para as demandas culturais em Belém e pensar políticas públicas culturais para a Amazônia como um todo. O evento contou com apresentações de propostas construídas por equipes representantes das diversas linguagens artísticas, denominadas “Setoriais”, além de palestras com a idealizadora, a consultora de políticas públicas para a economia criativa Cláudia Leitão e o pesquisador, professor e ativista cultural Valcir Bispo.

Lorena tem experiência com Conferências Culturais desde 2009, e citou o trabalho do festival BoulevArte, do qual ela participou na construção. Acontecido em 2015 em Belém, o evento contou com o “Seminário BoulevArte”, que, segunda Lorena, “era um momento onde haviam os bate -papos com o empreendedores, onde sabíamos como estava sendo a produção, quem eram esses empreendedores, qual eram as histórias deles”. Lorena cita o feito com orgulho, acrescentando que o festival apresentou “uma das maiores feiras de economia criativa a céu aberto que já aconteceram aqui em Belém”.

Segundo a produtora, um dos principais objetivos deste formato de conferência cultural é “a escuta sobre as demandas dos agentes culturais", no intuito de, coletivamente, buscarem-se soluções para estas demandas, apresentando propostas de políticas, projetos e ações aos agentes da sociedade civil e do poder público envolvidos com as políticas culturais.

Neste ano, o “Encontro” foi organizado através do formato de divisão em setoriais. Cada setorial ficou incumbido à missão de debater demandas e apresentar propostas de soluções para cada uma das diversas linguagens e manifestações culturais, tais como, cultura popular, música, economia criativa, cultura alimentar, hip-hop, design, artes visuais, audiovisual, moda, negres, indígenas e quilombolas, etc. Os setoriais foram sendo criados à medida em que os agentes culturais chegaram para somar ao movimento. Ao final, um grande relatório em fase de conclusão é gerado, o qual, segundo Saavedra, será encaminhado para o time de cultura na equipe de transição do novo governo do presidente eleito Lula, além de outras organizações encarregadas de elaborar políticas culturais nos âmbitos federal, estadual e municipal.

Os "Setoriais" , equipes representantes das diversas linguagens artísticas e manifestações culturais, elaboraram e apresentaram suas propostas a serem adicionadas ao relatório final, que será encaminhado à Comissão de Transição da pasta da Cultura na equipe do novo governo eleito

“É só um primeiro momento, nesse momento de transição do governo Lula. O que eu queria como produtora é que as pessoas daqui do estado do Pará pudessem se unir pra demarcar esse território da construção das políticas públicas (...). Vamos montar um relatório bem bacana pra gente entregar não somente pro governo federal”, disse a produtora.

Lorena explicou que os debates são importantes não somente para a elaboração de propostas, mas também para os próprios agentes culturais conhecerem mais sobre os seus direitos e conseguirem visualizar melhor a cadeia de políticas culturais: “Uma boa parcela das pessoas que fazem cultura fica de fora do debate (de elaboração de políticas públicas)", disse ela, acrescentando a importância da consciência sobre os próprios direitos: “Eles (os agentes culturais) também não sabem que eles têm direito de falar, de propor, de dizer o que sentem”, explicou.

A produtora Cultural Lorena Saavedra, idealizadora e articuladora do Encontro Amazônicos de Políticas Públicas, organizado por ação dos agentes culturais envolvidos

O Encontro Amazônico de Políticas Culturais já está em sua segunda edição. Na primeira, que aconteceu na Fundação Curro Velho em 2017 com sucesso de público, várias conexões importantes foram firmadas, mudando realidades de diversos fazedores de cultura: “A gente tem vários feed backs, assim de: ‘ah Lorena, eu comecei o meu negócio através do Encontro, fiz parceria. Minha sócia, eu conheci no Encontro’ . Enfim, tem muitas coisas, de muita importância, que aconteceram nesse Encontro que foi feito em 2017”.

Esperançosa, a produtora enfatiza que a inciativa parte de uma vontade de chamar a atenção do poder público para propostas construídas e partidas do seio da sociedade civil: “A gente quer mostrar que a sociedade civil de Belém está atenta, está trabalhando , está pensando nas políticas culturais daqui”, disse.

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