Jornada e devoção nos gigantes campos marajoaras
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Publicado em 14/11/2022

Nesta quarta-feira (16), o longa-metragem “Os Devotos de São Sebastião”, terá estreia oficial no Amazônia (Fi)doc- Festival Pan-Amazônico de Cinema, que acontece desde o dia 10 e segue até 20 de novembro, com exibição de diversos longas e curtas metragens do Brasil, Colômbia, Bolívia, Venezuela e Peru, numa programação inteiramente gratuita. Dirigido por André dos Santos e Artur Arias, o documentário teve patrocínio do então deputado federal Edmilson Rodrigues, via emenda parlamentar, e foi filmado em 2019, na localidade rural de Tarumã-município de Ponta de Pedras.

Com pouco mais de uma hora de duração, o filme mostra a jornada da Comitiva de São Sebastião pelos gigantes campos marajoaras. Os “foliões” , como são chamados os integrantes desta comitiva, carregam a imagem peregrina de São Sebastião e adentram casas nos mais longínquos  sítios entre os municípios de Cachoeira do Arari, Ponta de Pedras, Muaná, Santa Cruz do Arari, Salvaterra e Soure, entoando cânticos conhecidos como “Folias de São Sebastião”, e rezando a ladainha cantada- uma espécie de canto à capela num latim adaptado , que segue as melodias tradicionais trazidas pelos jesuítas à época das missões iniciadas pelos padres há séculos atrás.

Apesar de ter-se iniciado na tradição jesuítica, resguardando a característica de buscar os mais remotos lugares para perpetuar a fé católica, a Comitiva de São Sebastião foi ganhando contornos mais populares e com a cara do Brasil-amazônido-marajoara, sendo inclusive, renegada pela Igreja Católica durante um certo período, para ser finalmente incorporada entre os festejos oficiais de São Sebastião- festividade tombada pelo Iphan como patrimônio cultural imaterial brasileiro.  

Originária de Cachoeira do Arari, a Comitiva é composta por um tocador de viola, um de violão de aço, um de tambor e um de triângulo- este com a missão de carregar a bandeira de São Sebastião. Já a imagem do santo é carregada pelo tocador de violão de aço- especialmente designado pela Comitiva para a nobre tarefa. Os integrantes entoam, através destes instrumentos muitas vezes artesanais, as “folias”- canções que trazem melodias compostas pelos próprios foliões ao longo dos séculos e repassada oralmente entre as gerações, e, portanto, as melodias são carregadas das culturas e tradições dos próprios povos marajoaras.

Além disso, em todos os sítios por onde passam, os foliões são recebidos com grande festa, provocando preparativos como abate dos animais para serem servidos nos banquetes, além da hospedagem dos foliões e das famílias que vêm de vários lugares do Marajó. As pessoas que seguem ou participam de alguma maneira nesta jornada são os chamados “Devotos de São Sebastião”, daí a origem do título do filme, uma homenagem à hospitalidade e dedicação aos preparativos para a chegada de São Sebastião nas casas dessas famílias.

 Em cada lugar por onde passam, os foliões hospedam-se por pelo menos uma noite, rezando as ladainhas, acordando no dia seguinte, abençoando as refeições e os animais, entoando a despedida e partindo para o próximo lugar. Cada uma dessas etapas no ritual de passagem por estes sítios é embalada por uma folia específica. “Nós fizemos uma base de 180 casas, durante os seis meses”, diz no trailer (disponível ao fim da matéria), o folião Altair Gama, que viaja sempre na Comitiva com a missão de cantar e tocar as folias no violão de aço, além de carregar a imagem peregrina de São Sebastião.

 

Serviço

 

Estreia do longa-metragem “Os Devotos de São Sebastião”

Local: Cine Líbero Luxardo

Data: 16/11/2022

Horário: 19:45

Entrada franca (com retirada dos ingressos uma hora antes da exibição)

Programação completa do Festival Pan-Amazônico de Cinema: Amazônia DOC (amazoniadoc.com.br)

Trailer:

TRAILER - OS DEVOTOS DE SÃO SEBASTIÃO - YouTube

 

Texto: Ju Abe

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