Bruna BG relata que novo single denuncia abusos sexuais de crianças e desmistifica uma das maiores lendas do folclore amazônico, o Boto-cor-de-rosa
Foto: Caio Mascarenhas
A versão semanal do podcast comandado pela professora e deputada Marinor Brito (PSOL/PA) recebeu desta vez a ativista LGBTQUIA+ Bárbara Pastana e a rapper Bruna BG.
Na semana em que violências contra meninas e mulheres ganharam as manchetes nacionais devido o caso da juíza Joana Ribeiro Zimmer, de Santa Catarina, e da promotora Gabriela Samadello que foi vítima de violência no interior de São Paulo, os destaques da conversa foram os direitos das crianças e adolescentes, das mulheres e das populações LGBTQUIA+, ilustradas com maestria por Bruna BG, que está em processo de lançamento de novo single que retrata violência sexual infantil no interior do Pará e Bárbara, que já sofreu diversas violências físicas e morais, por causa da sua condição de mulher transgênero.
A rapper contou à Marinor que a faixa “Mercancías”, a ser lançada nas plataformas digitais no dia 30 de junho , e que compõe o seu novo videoalbum feito em parceria com Anna Suav, trata sobre a calamitosa realidade de abusos e exploração sexual de menores no interior do Pará, que figura entre as regiões do Brasil com maior incidência deste tipo de violência, com concentração maior na Ilha do Marajó, terra natal de BG, que é de Breves.
Além de falar sobre a violência sexual contra crianças no que a artista chama de “Amazônia profunda”, a faixa de BG e Suav ainda desconstrói o mito do Boto-cor-de-rosa, o qual, segundo ela, teria sido uma história inventada para mascarar os abusos sexuais contra mulheres, comuns na região. “O que a gente vem trazendo é que na verdade o boto (cor-de-rosa), é uma invenção pra mascarar esses abusos sofridos principalmente nos interiores (…). Essa história mascara essa violência”, diz ela, referindo-se à lenda que atribui ao Boto-cor-de-rosa a paternidade de filhos, que, na verdade, teriam sido gerados em abusos sexuais e estupros.
A ativista LGBTQUIA+, que é pré-candidata a deputada estadual também pelo PSOL, acrescentou então que considera muito importante trazer estas questões em ano eleitoral, pois escancara mais uma realidade que necessita de atenção dos gestores públicos: “É um ano propício pra se debater exploração sexual de crianças. É um ano de eleição, e a gente precisa colocar isso em pauta né, e dizer, pra quem tá governando, pra quem tá legislando, o quanto se fazem importantes estes debates, porque nossas crianças são violentadas todos os dias pelos tios, pelos padrastos, pelos primos, pelos avós, e que a gente tá vendo recorrente, todos os dias”, disse Bárbara.
Pastana não deixou de aproveitar também o momento para enaltecer o orgulho LGBTQUIA+, que é celebrado durante todo o mês de junho: “O mês do orgulho é isso. É a gente ter orgulho de ser mulher negra, lésbica, periférica, cantora de rap, trans, mãe solo. É você ter orgulho da sua identidade”, disse ela, após afirmar que se pudesse escolher sua próxima vida, viria “travesti de novo”.
Assista ao episódio #04 na íntegra aqui.
Onde encontrar Bárbara Pastana e Bruna BG:
Bruna BG ® (@_bruna.bg) • Fotos e vídeos do Instagram
Barbara Pastana (@barbarapastanaoficial) • Fotos e vídeos do Instagram
Ju Abe