Missão Mapuá, longa metragem paraense, ganha as telas do Cine Líbero Luxardo
16/05/2022 15:44 em Novidades

Nesta segunda-feira, 16 de maio, o Cine Líbero Luxardo, exibe mais um filme do cineasta paraense Paulo Miranda. Trata-se do Missão Mapuá, o quinto longa-metragem de ficção do diretor, que conta também em sua filmografia com alguns documentários, entre os quais está O Ajuntador de Cacos, sobre o padre Giovanni Gallo, fundador do Museu do Marajó.

No novo longa, Paulo Miranda se propõe a levar seus espectadores por uma interessante viagem ao Marajó de meados do século XVIII, quando as grandes nações aruaques eram senhoras do arquipélago. Pois é nesse cenário que se desenvolve a trama do encontro de Isabelle (interpretada por Lucinha Baia),  jovem remanescente da família Breves, com Boyrá (interpretada por Mileyde Giovana), uma jovem guerreira Mapuá, que permanece guardiã das terras ancestrais do seu povo. O encontro entre as duas personagens é o fio condutor da trama. O diretor procura discutir a política de ocupação lusitana da Amazônia (Grão-Pará e Maranhão), o papel da Igreja e as estratégias de resistência indígena. As personagens centrais se movem por buscas e lembranças. Isabelle, almeja reencontrar Catarina, sua irmã, que foi levada para viver com os Mapuá, por outro lado,  Boyrá fará de tudo para que nem um branco permaneça na terra sagrada Mapuá e entrará num conflito ao sentir recíproca empatia por Isabelle.

 

 

Mapuá é o nome de um dos povos Aruakes (comedores de farinha), que habitaram o Marajó, e possivelmente, foi a última linha de resistência ao domínio português sobre o arquipélago, uma vez que as aldeias dessa nação estavam dispostas pelo Estreito de Breves, canal de acesso das embarcações estrangeiras para chegarem à região do Amapá, Guianas e também para alcançarem o rio Negro. Os mapuá era um povo especialmente temido pelos estrangeiros que os distinguiam como sendo selvagens fisicamente bonitos, habilidosos nas estratégias da guerra e extremamente valentes, tendo suas mulheres como as combatentes mais letais.

 

Conforme a arqueóloga Denise Schaan, em sua dissertação “Marajó: arqueologia, iconografia, história e patrimônio”, o declínio da hegemonia Mapuá na foz do Amazonas teve seu marco em 1659, na grande reunião do Padre Antônio Vieira, com representantes da federação de sete cacicados das nações Nheengaíbas, lideradas pelo cacique Piyé Mapuá. Nessa reunião se pactuou a licença para o trânsito português pelo Estreito de Breves em troca do não ataque aos povos nativos e a não escravização desses. A história que se seguiu foi de extermínio dos povos marajoaras, mas não sem muita luta, os Mapuá, por exemplo, saíram das margens do grande Amazonas e instalaram suas aldeias nos centros de suas terras, de onde continuaram combatendo os estrangeiros. O filme Missão Mapuá é, segundo o diretor, um tributo a essa resistência indígena que de alguma forma permanece nas centenárias comunidades residentes no Rio Mapuá, distante certa de 200km da cidade de Breves.

 

 

Sobre a realização, o diretor diz que só foi possível ter a obra para exibição graças ao prêmio recebido do Edital de Audiovisual da Lei Aldir Blanc – SECULT-PA, que motivou seu coletivo de colaboradores a seguirem com o projeto mesmo com poucos recursos e   enfrentando todas as dificuldades do auge da pandemia da Covid-19. “Foi preciso muito esforço e determinação para concluir este longa, mas  estamos imensamente contentes em poder circular com essa obra, que modestamente é, por si, um significativo contributo para a compreensão e fortalecimento  da identidade amazônica pois,  em Missão Mapuá, propomos e provocamos o pensar de que os povos ancestrais marajoaras não se encerram nas cerâmicas encontradas nos sítios arqueológicos, isto é, faz-se necessário além de contemplar as belas cerâmicas, dedicar-se a imaginação dos homens e mulheres reais que as fizeram. Marajoaras não são peças de argila, foram homens, mulheres, velhos e crianças, que habitaram o Marajó, com suas vestimentas, cantos, danças, religiosidades, diversões e formas de conviver com o seu meio ambiente e suas espiritualidades. Gosto desse primeiro esboço dos Mapuá que conseguimos realizar, foi prazeroso fazer essa visita fílmica a   Boyrá (ser mais precioso), Inaiê (ave solitária), Cauã (águia valente) e Ibotira (a flor mais linda de todas). Que o cinema amazônico avance nesse rumo”.

 

 

 

Ficha técnica:

Mileyde Gilvana, Raquel Xipaya, Lucinha Baia, Daiane Oliveira, Maria Josivânia, Régis Costa, Eduardo Paiva, João Poça, Rony Brito, Ingrede Carvalho, Cleber Ramos, Tiago Assis, Paulo Sousa, Ivanildo do Socorro, Laurene Ataíde, Larissa Lira.

 

Roteiro e Direção: Paulo Miranda

Direção de Arte: Alexandre Costa

Fotografia: Silvágner Grigório

Produção: Lux Amazônia Produções Cinematográficas

 

Serviço:

Missão Mapuá

Longa-metragem, 107min/ PB

CINE LÍBERO LUXARDO

Data: 16/05

Sessões: 17h e 19h

Ingresso: Entrada franca

Recomendação: 14 anos

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