Com dois anos de carreira, o grupo Cobra Venenosa | Carimbó & Poesia, realiza sua primeira turnê pelo Estado do Rio de Janeiro e esquenta os batuques para produção de seu CD de estreia, o álbum “Tambores da Mãe África”.
Osso duro de roer, como cantou Mestre Verequete, o carimbó é uma cultura sem grilhões e hora pra acabar. Com mais de dois séculos de história no estado do Pará, o ritmo atravessa épocas com respeito às tradições, mas também atento às causas políticas atuais. É esse caldo de ancestralidade e engajamento que o grupo Cobra Venosa| Carimbó & Poesia mostra, a partir do próximo dia 13, em seu projeto “Rio: do Maguari ao de Janeiro”.
Batuque feminista, carimbó marginal, poesia em defesa da população negra da Amazônia. Independente da definição que se queira dar, o fato é que ninguém passa incólume ao som dos tambores e dos versos contundentes do Cobra Venenosa. Com sede de conquistar novos espaços, a turnê do grupo em terras fluminenses terá início com uma participação no Baile dos Botos, na casa do Coletivo Caboclã, no bairro boêmio da Lapa.
Cobra Venenosa foi criado há dois anos no município de Icoaraci, um dos locais de referência do carimbó. Desde então, os músicos e compositores Priscila Duque e Hugo Caetano têm atuado com diversos parceiros musicais para difundir uma faceta ainda pouco divulgada do carimbó: o de manifestação libertadora sobre desigualdades, opressões; em defesa da floresta, da liberdade na cidade, da vida no campo. Carimbó inspirado nas raízes do “pau e corda” ensinado pelos mestres da cultura popular paraense. Som autêntico, poesia livre e performance são qualidades do grupo. O objetivo do projeto da turnê é, principalmente, trocar experiências e olhares com grupos de outras cidades, além de divulgar de forma independente suas músicas.
Para Priscila Duque, o importante é “conectar experiências sonoras com experiências de resistência da arte independente. Levar carimbó com conteúdo crítico para expandir percepções”, defende. Além da apresentação de canções e poemas autorais, o grupo também oferecerá oficinas com a participação do Mestre Flávio Gama. Esses momentos buscam mostrar a complexidade da cultura do carimbó, que envolve, além da música, a dança, a confecção de instrumentos e a história da população amazônida.
Primeiro álbum: “Tambores da Mãe África”
A turnê “Rio: do Maguari ao de Janeiro” é a primeira realização do longo ano que será 2018 para o Cobra Venenosa. O grupo se prepara para gravar o seu álbum de estreia, intitulado “Tambores da Mãe África”, selecionado no VI Prêmio de Arte e Cultura da Universidade Federal do Pará (UFPA). Fruto de insistência e cuidado dos artistas com a cultura popular, o prêmio é mais uma conquista do carimbó, esse osso difícil de roer e impossível de quebrar.
AGENDA: Rio de Janeiro
13 de janeiro - Baile dos Botos. Rua Moraes e Vale, nº 21, bairro da Lapa;
15 de janeiro – Carimbó Itinerante na Praça Mauá, a partir das 17h. Participação “Batuque do Igapó”;
19 de janeiro – Carimbó da Gema: vivência de carimbó (dança, ritmo e venda de instrumentos), participação do Mestre Flávio Gama; fecha com show no Bar & Restaurante Lapa Esquina, em frente aos arcos da Lapa;
20 a 24 de janeiro - Oficinas, exibição de vídeos, bate papos e shows musicais no Quintal do Rio, em Paraty, com participação do grupo “Mundiá”.
Contatos: Priscila Duque (091) 983571216 / Hugo Caetano (091) 989037016
Texto: Assessoria Cobra Venenosa
Foto: Uirandê Gomes