Belém: jornalista é revistado e tem seu carro perseguido por coronel da PM em cobertura de evento no Hangar
Atualidades
Publicado em 18/04/2023

O jornalista, músico e fotógrafo belenense Kleyton Silva (Foto: Instagram) 

Um jornalista em exercício de seu ofício foi atacado e coagido por um grupo comandado pelo coronel da Polícia Militar do Pará Leonardo Franco, durante cobertura de posse do Procurador Geral de Justiça (PGJ) no Hangar - Centro de Convenções, na última quinta-feira (13), em Belém (PA). As informações são do site Amazônia Real.

Kleyton Silva, que também é músico e fotógrafo, estava a serviço do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Pará (SISEMPPA), onde exerce a função de assessor de comunicação, quando foi surpreendido por uma inexplicável revista à sua mochila e seus pertences pessoais. Sem o conhecimento de Kleyton e longe da sua presença, o coronel Leonardo Franco, da Polícia Militar do Pará, revistou a mochila do jornalista, por motivos que ainda não foram esclarecidos até o momento. Franco é chefe do Gabinete Militar do Ministério Público do Pará (MPPA).

Ao ser informado, o jornalista relatou o ocorrido à chefa da assessoria de comunicação do MPPA, manifestando que não pretendia representar sobre o fato. Porém, ao tomar ciência da autoria da revista, buscou novamente a Chefa da Ascom do MPPA, desta vez informando o nome do coronel Franco. A chefa da Ascom então o colocou diante do militar.

O jornalista questionou o coronel e o militar negou a ação de revista em sua mochila, mas o mais inacreditável ainda estava por acontecer.

Kleyton sofre atentado dentro do carro

O jornalista continuou a cobertura do evento e após concluir o trabalho, saiu do Hangar.  Já em seu veículo, ele começou a ser perseguido, sendo impedido de deixar o local, a princípio por dois seguranças do evento, e em seguida pelo próprio coronel Franco, já vestido à paisana, que desceu de uma Hilux prata acompanhado por outro homem, além do motorista.

O jornalista teve então o carro atacado pelo coronel Franco e pelo outro homem, ainda não identificado, enquanto os outros faziam a contenção do veículo. Para se proteger, o músico manteve-se trancado no veículo e começou a ligar pedindo ajuda. Só então os seguranças e militares, que não conseguiram tirá-lo do veículo, desistiram da ação. Segundo o relato de Kleyton publicado pelo site Amazônia Real, eles o ameaçaram dizendo que iriam procurá-lo e encontrá-lo. Um dos homens teria inclusive fotografado a placa do carro com um celular.

Com receio de ser seguido, Kleyton voltou para o Hangar. Dessa vez uniformizado, o Coronel Franco  tentou dar voz de prisão ao profissional e tentou avançar em direção a ele, mas foi impedido por promotores de Justiça que estavam no local e garantiram ao jornalista que ele não teria sua integridade física comprometida e seria ouvido.

Carro do jornalista é periciado

Na tarde desta segunda (17), o veículo de Kleyton Silva passou por perícia e a Polícia Civil do Pará terá dez dias corridos para apresentar um laudo. Além disso, três testemunhas oculares de momentos do caso prestaram depoimentos. Representantes do Sindicato de Jornalistas no Estado do Pará, do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Estado do Pará, da Federação Nacional dos Servidores dos Ministérios Públicos dos Estados, o advogado Virgílio Moura, e o vereador Fernando Carneiro (PSOL), acompanharam a perícia.

Nesta tarde, o advogado Mauro Vaz-Salbe Junior, a pedido do Sinjor, também esteve na seccional, onde o Boletim de Ocorrência foi feito, e conversou com o delegado, que preside o inquérito, para verificar o andamento do processo.

Caso é encaminhado à Promotoria Militar

Na manhã desta terça-feira (18), o mandato de vereança Bancada Mulheres Amazônidas (PSOL), da Câmara Municipal de Belém, através de representação apresentada pelo advogado Virgílio Moura, encaminhou o caso ao Promotor de Justiça Militar Dr. Armando Brasil, pedindo apuração do caso.

Nota de Repúdio

Em nota de repúdio, o Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará afirma que as assessorias jurídicas do SINJOR e do SISEMPPA acompanharam o jornalista no registro de um boletim de ocorrência, no dia 14. À Amazônia Real, o presidente do SINJOR, Vito Gemaque, disse que medidas judiciais cabíveis foram encaminhadas e que será cobrada a segurança do profissional e a apuração rigorosa dos fatos. Outras entidades sindicais e movimentos sociais e de defesa dos direitos humanos assinaram a manifestação, que continua recebendo apoio.

 

Edição de Ju Abe

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