“Minuto na Jurema”: websérie desmistifica a religião de origem indígena
Atualidades
Publicado em 20/06/2022

A websérie foi realizada com recursos da Lei Aldir Blanc e está com previsão para lançar todos os episódios até o final deste mês de junho - Divulgação

A historiadora e praticante da religião, Karla Fagundes, produziu a websérie que está disponível no YouTube

Rodolfo Rodrigo

Brasil de Fato | Recife (PE)

De uma herança ancestral e cultural, a jurema sagrada é uma tradição religiosa que nasceu dos índios que habitavam o litoral da Paraíba, Rio Grande do Norte e no sertão de Pernambuco antes da colonização portuguesa em 1500. A árvore jurema, que dá o nome a religião, possui psicoativos que são ingeridos através de uma bebida nos rituais religiosos e aproxima os participantes ao que é conhecido como ‘Cidade da Jurema’, que seriam reinos e cidades espirituais.

Segundo Karla Fagundes, historiadora e praticante da religião, a jurema une os ensinamentos indígenas e afro-brasileiros. “Ela vem também dessa relação dos saberes indígenas, da pajelança, do Toré, e também de saberes africanos que vieram para cá durante o período da diáspora. E aí essa junção de saberes afro-brasileiros e indígenas acontece principalmente quando a gente tem a formação dos quilombos onde esses saberes são trocados. Então, os conhecimentos que têm desses dois povos eles são imbricados, misturados. Dentro do culto da jurema, a gente vai ter o exus, a gente vai ter os caboclos, a gente vai ter os mestres e mestras e a gente vai ter ancestrais mais próximos”, afirma.

A websérie

Foi a partir de suas experiências enquanto praticante que Karla produziu a websérie “Minuto na Jurema”, que pretende desmistificar preconceitos em relação à religião. “O 'Minuto na Jurema’ fala um pouco sobre o universo e a cosmologia da jurema, principalmente para as pessoas que não tem o conhecimento, na tentativa de desmistificar um pouco esse pensamento racista, do racismo religioso no geral, que a gente sabe que ainda é muito persistente em diversos lugares. Então, a gente utiliza essa plataforma, que é uma plataforma acessível, um canal do YouTube, do terreiro que é o Casa de Jurema Caboclo Tupinambá para poder disponibilizar os vídeos e também tornar acessível para qualquer pessoa que tem interesse e queira aprender um pouco sobre esse universo”, explica a juremeira.

Uma das personagens da websérie é a ialorixá Sandra Juremeira, do Terreiro de Jurema Caboclo Tupinambá, que sempre esteve próxima à religião devido a influência dos pais. Segundo ela, seus ensinamentos funcionam como uma base contra o racismo.

“Para mim, não é difícil lidar com o preconceito a partir do momento que meus ensinamentos foram baseados no respeito. Então, a partir do momento que eu respeito a outra religião, eu busco que as pessoas também respeitem a minha religião, de forma que minhas atitudes e minhas ações sejam de ética e de respeito para com o próximo. Para mim não importa o que as pessoas dizem da jurema, para mim o que importa é aquilo que eu pratico dentro da jurema e o que eu ofereço através do culto da jurema para as pessoas que chegam na minha casa pedindo ajuda e querendo realmente conhecer o que vem ser a jurema”, destaca a ialorixá.

Como assistir

Até o momento, cinco episódios já estão disponíveis para serem assistidos no YouTube. Os outros entram na plataforma até o final de junho. Para assistir a produção, basta acessar o canal “Casa de Jurema Caboclo Tupinambá” no YouTube. Para conhecer um pouco mais sobre o terreiro, acesse as redes sociais.

Confira o primeiro episódio da série aqui.

 

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Elen Carvalho

 

 

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