Conceição do Mato Dentro, com pouco mais de 17 mil habitantes, havia contratado o show do bolsonarista Gusttavo Lima pelo valor de R$ 1,2 milhão, com dinheiro que deveria ir para educação, saúde e infraestrutura
A prefeitura da cidade de Conceição do Mato Dentro (MG) anunciou o cancelamento dos shows de Gusttavo Lima e da dupla Bruno e Marrone após polêmica envolvendo uso indevido dos valores da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem).
Segundo apuração da Folha de São Paulo, houve desvio dos recursos provindos do Cfem, cujo destino original seriam a educação, saúde e infraestrutura. O município, com pouco mais de 17 mil habitantes, havia contratado o show do bolsonarista Gusttavo Lima pelo valor de R$ 1,2 milhão, com dinheiro que só deveria ser usado em investimentos para estas áreas sociais.
O caso veio à tona após a exposição de diversos contratos entre cantores sertanejos e prefeituras de pequenas cidades. O Ministério Público investiga, por exemplo, a agenda de Gusttavo Lima em Roraima após contrato de cachê de R$ 800 mil para a 24ª edição da Vaquejada da cidade, que deve ocorrer em dezembro.
O contrato foi revelado pelo Estado de Minas, indicando que a prefeitura irá pagar hospedagem de 40 pessoas da equipe do cantor “no melhor hotel da cidade”, além dos gastos diários de alimentação e transporte local para o artista, músicos, técnicos e produção. Conceição do Mato Dentro tem população estimada de 17.438 pessoas, o que equivale a cerca de R$130 por morador da cidade para realização da festa.
A polêmica acontece meio a uma investigação em andamento no Ministério Público de Roraima (MPRR) sobre a contratação de um show do cantor pela prefeitura da cidade de São Luiz, em Roraima. Sobre a investigação, Gusttavo Lima declarou nessa quinta-feira, dia 26, que “não cabe ao artista fiscalizar as contas públicas”.
Ele também canta no aniversário de Magé, no Rio de Janeiro, por R$ 1 milhão, valor que é dez vezes maior que todo investimento anual da cidade em atividades artísticas e culturais.
A discussão sobre cachês pagos por prefeituras começou quando o sertanejo Zé Neto criticou o acesso a Lei Federal de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet, durante um show financiado com recursos públicos.
Com informações de Mídia Ninja