Em sua segunda edição, o Reality Show musical da Globo “The Voice +” toma a importante decisão de trazer mais representatividade etária para o programa, convidando a nortista Fafá de Belém para compor o time de técnicos com o poder de arbitrar a disputa entre cantores com mais de sessenta anos. A competição termina premiando o vencedor com 500 mil reais mais um contrato com a gravadora Universal Music.
Fafá de Belém é uma artista com mais de sessenta anos, e tem deixado muito evidente aos telespectadores a sua consciência sobre a importância de alguém como ela estar como técnica de um programa que pretende incluir pessoas dessa faixa etária na concorrida Indústria Cultural brasileira.
Durante a “audição às cegas” do programa que foi ao ar neste domingo (13), ao ser a primeira a virar a cadeira ao cantor Emílio Seresteiro, seguida de Tony Garrido, a musicista belenense se emocionou: “Você lembrou muito a minha infância e adolescência, que tinham vários amigos do meu pai, entre eles um grande compositor chamado Edyr Proença, que era um seresteiro. E é maravilhoso que esse tempo ainda exista”, disse ela, relembrando o lendário compositor, escritor e radialista paraense.
Em seu discurso de aclamação, Fafá coloca em pauta o etarismo: “Nós temos que lembrar ao mundo, ao Brasil principalmente, que nós que temos mais de sessenta anos, estamos vivos. Nós temos muita coisa pra dar, nós temos uma aprendizagem imensa. É preciso que o Brasil tire, sobre todas as pessoas de mais de 55 anos, a capa da invisibilidade. Nós somos visíveis, temos desejos, temos sonhos, temo experiência e temos vida”.
O termo etarismo foi usado pela primeira vez pelo gerontologista Robert N. Butler para descrever a discriminação contra adultos mais velhos. No entanto, o conceito evoluiu para ser frequentemente aplicado a qualquer tipo de discriminação com base na idade, quer envolva preconceito contra crianças, adolescentes, adultos ou idosos.
“O etarismo se manifesta de várias formas. Essas atitudes e ações dificultam a aceitação e acentuam a negação da velhice. A discriminação por idade é mais forte em sistemas onde a sociedade aceita a desigualdade social”, afirma Vania Heredia, em relato concedido ao Uol.
Algumas crenças fortalecem esses preconceitos, como: os idosos não podem trabalhar; as pessoas mais velhas são todas iguais, possuem saúde debilitada; os idosos são frágeis; não conseguem resolver suas necessidades básicas, os mais velhos nada têm a contribuir, e são um ônus econômico para a sociedade.
Alguns desses juízos evidenciam uma discriminação latente por parte da sociedade em relação aos idosos. Nesse sentido, a luta contra o preconceito é diária e precisa ser feita, discutida. O etarismo, assim como todas as outras formas de discriminação não podem ser relativizadas e normalizadas.
Com a discussão mostrada no programa, Fafá de Belém reafirma a importância da representatividade cultural para o alcance da sociedade que todos nós queremos: diversa, plural e que sobretudo consegue conviver, respeitar e reconhecer as qualidades de todas as pessoas, principalmente as que possuem diferenças que fogem aos padrões de aparência vigentes.