Ju Abe (Foto: divulgação)
Atual vencedor do Festival da Canção Ouremense ou simplesmente Festival de Ourém, que teve sua 36ª edição apresentada entre os dias 21 e 23 de julho de 2022, Diego Xavier já é um colecionador de troféus da categoria. Ganhou duas vezes o Festival de Música do Pará, promovido pela RBA, além do Festival da Nova Geração do Samba do Pará. Nos quatro, o paraense de Ananindeua arrebatou o prêmio mais importante- o de melhor canção. É parceiro de Vital Lima e já teve uma canção gravada por Lucinha Bastos, além de outras façanhas.
No Festival ouremense, o cantor e compositor conquistou os corações dos jurados com “Sou Preto”, uma canção que retrata o orgulho, a luta e a resistência do povo negro. Sobre este e outros assuntos, ele falou abertamente em entrevista exclusiva, confira.
Como a canção foi feita?
A canção surgiu a partir do tema que eu queria compor: uma música que falasse do orgulho de ser preto. Por isso, eu inicialmente enviei uma melodia ao amigo também preto Nego Fortunato, que é brasileiro mas mora no Japão, e com um tempo nós fomos construindo a música.
O que te inspirou a compor a canção?
Os fatos corriqueiros de violência, preconceito de cor e intolerância à religião afro brasileira.
Quais são as parcerias de destaque?
Como jovem compositor tenho várias referências musicais. Uma delas hoje posso dizer, que além de ser meu amigo, é meu parceiro, é Vital Lima. Ele me deu a honra de compor uma música em parceria, colocando a letra na canção “Bateu uma saudade de ti, viu”, que já foi gravada e logo estará nas plataformas. Outro parceiro de longas datas que sempre acolhia minhas melodias e transformava em canção é Renato Torres e também a minha filha Maria Izabel, que desde a barriga da mãe me inspira e ajuda a compor várias canções. Hoje ela tem 8 anos e já arrisca escrever alguma canção com o papai.
Qual o sentimento de conquistar esta vitória no Festival de Ourém?
Nossa, chega ser inexplicável. Eu já participo deste festival há muito tempo, digo, desde criança. Sempre estive no festival acompanhando alguém, torcendo por uma música ou todas, mas, de um tempo pra cá, tomei coragem e acreditei nas minhas músicas e passei a mandá-las pro Festival de Ourém, que diga-se de passagem, é um dos únicos festivais pungentes da região Norte do Brasil com mais de 30 anos de existência. Então, subir ao palco e ser premiado aonde ilustres compositores e intérpretes já passaram e passam foi uma honra.
Digo que essa vitória também não foi só minha, ela foi do nosso povo preto, dos nossos ancestrais e da cultura viva da identidade afro-brasileira presente neste lugar. Eu emprestei a voz e todos cantaram comigo.
Pra você, qual a importância de festivais como esse, para a música paraense?
Os festivais são os maiores símbolos da música brasileira, pois foram eles que, desde o tempo das rádios, com os pequenos concursos de calouros e depois com os grandes festivais das emissoras, deram impulsionamento à grandes nomes da música brasileira como Elis Regina, Elza Soares, Jair Rodrigues, Chico Buarque, Gil e Caetano, entre outros. Para a música do Pará, o festival de Ourém em sua XXXVI edição só vem a acrescentar com a música no Brasil, dando oportunidade ao surgimento de novos compositores e intérpretes como eu, além de fomentar e trazer emprego e renda à cadeia cultural do lugar.
Onde encontrar Diego Xavier
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