MC Pokaroupas derruba barreiras e preconceitos em música que une rap, funk, tecnobrega e folclore amazônico
19/04/2022 11:54 em Música

Foto: Yasmin Alves

 

Ju Abe

 

Em 2017, ela juntou-se a um grupo de rap chamado Amanajezz num dos pólos culturais mais importantes do Pará- o município de Bragança. Eles haviam lançado algumas produções musicais realizadas de maneira totalmente independente que caiu nas graças do público. Nascia o estúdio “Curupira Records”, fruto deste coletivo bragantino que misturava funk, rap, tecno-brega com o imaginário dos seres encantados do folclore amazônico.

MC Pokaroupas diz que usa as rimas e a música para expressar a resistência enquanto artista LGBTQIAP+, além de ter sido inspirada por outras artistas da comunidade que têm aparecido na mídia: “essa pegada de empoderamento e as pressões que o nosso corpo por ser diferente sofrem, isso me fez pensar. Ver outras artistas cantando, me influenciou. Sempre compus músicas divertidas, alegres, mas também não esqueci de passar uma mensagem de empoderamento”.

Através da “Curupira Records”, ela lançou o clipe “Curupiranha” e o single “Tá Calor”, sendo o primeiro patrocinado pela lei Aldir Blanc de auxílio emergencial ao setor cultural, e cujo lançamento se deu em setembro do ano passado.

Gritando contra os preconceitos, diz a letra de “Curupiranha”: “Eles não tão entendendo se sou homem, sou mulher/ o que diabo, o que diabo, o que diabo que tu é?”, embalada ao ritmo frenético de um tecno-brega que perceptivelmente bebe na fonte das atuais misturas do ritmo paraense com o funk e o rap, perceptíveis em produções como a de Pabllo Vittar.

Como se já não bastasse todos esses ingredientes no caldo da artista, ela adiciona a cereja do bolo: a estética que busca representar a temática dos seres encantados, promovendo o encontro da pauta ambiental com a música periférica amazônica: “no clipe, criamos um universo onírico envolvendo o imaginário amazônico apresentando uma nova entidade baseada na figura do Curupira, que pode ser homem ou mulher, e tem como missão proteger a natureza e denunciar as opressões”. O clipe foi gravado em localidades do município de Bragança como Tijoca e Vila Camutá.

MC Poukaroupas é artista nascida em Belém, porém foi criada na cidade de Capanema, onde reside atualmente. Há quatro anos investindo no trabalho musical, ela já fez aparições no clipe “Cachaça de Jambu” de Gaby Amarantos e apresentações em Belém com o coletivo Noite Suja.

Engajada, a maior inspiração para as composições da artista foi a vontade de falar contra os preconceitos sofridos por ser membro da comunidade LGBTQUIAP+: “minha maior influência foi a vida, o que me acontecia, o que o meu corpo sofria. Eu quis colocar nas letras das minhas composições”.  

Ao ser perguntada sobre sonhos, a cantora afirma que a humildade é a maior arma para continuar a difícil tarefa de viver de arte na Amazônia: “que minha música chegue a mais pessoas, e que eu nunca perca a humildade que tenho comigo, porque isso é muito importante, ter humildade. Que eu possa viver da minha arte”.

 

Ouça MC Pokaroupas em todas as plataformas musicais e também na programação da Rádio Iara.

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