Museu de Arte de Belém (Mabe) reabre as portas com mostras em todos os espaços expositivos
09/01/2024 14:46 em Atualidades

Fotos: Vagner Mendes/ Ascom/ Fumbel

Integrando a programação de aniversário da cidade, o Museu de Arte de Belém (Mabe) reabre as portas com mostras em todos os espaços expositivos, que poderão ser visitados pelo público. Ao todo, são nove salas com nomes em homenagem a artistas que possuem obras no acervo ou são de reconhecido valor no cenário das artes. 

Além das salas, o museu possui um auditório para solenidades e uma biblioteca especializada em artes, museologia e correlatos, além das divisões de Conservação e Documentação, Curadoria e Montagem; e setor Educativo. A reabertura chega após a obra minuciosa empreendida pela administração municipal, com um investimento de R$ 26 milhões, no Palácio Antônio Lemos.

A programação nesta sexta-feira, 12, tem início às 18h, com abertura de exposições de curta e longa temporadas, apresentação musical com o Trio Cabano, formado pelos músicos Thiago Belém, na bateria, Toninho Gonçalves (flauta), e Jacinto Kahwage (piano) e entrega da Comenda Francisco Caldeira de Castelo Branco a personalidades de Belém.

As exposições temporárias ocupam as duas salas situadas no andar térreo do Mabe. Na sala Antonieta Santos Feio, o público vai conferir a exposição “Belém no Acervo MABE”, mostra alusiva aos 30 anos de existência do museu, que revisita o poema “Para Ler Como quem anda nas Ruas”, de João de Jesus Paes Loureiro, ao reunir diversas obras entre pinturas, aquarelas, gravuras e fotografias pertencentes ao acervo do Museu de Arte de Belém, assinadas por artistas locais e por outros que por aqui passaram e encantaram-se por Belém do Pará. 

Na sala Theodoro Braga, será aberta a mostra “Arte na Obra”, composta de painéis mostrando as várias etapas da obra de restauro do Palácio Antônio Lemos e do Museu de Arte de Belém, um vídeo arte, painéis artísticos e depoimentos dos próprios operários, que repassam suas impressões sobre o trabalho realizado em um dos monumentos arquitetônicos mais importantes da cidade de Belém.

A montagem reflete reconhecimento, admiração e respeito aos trabalhadores que realizaram a recente restauração, cujas emoções da entrega refletem-se em depoimentos e imagens disponíveis na exposição. São pedreiros, carpinteiros, serventes, pintores, estagiários de engenharia e arquitetura, arquitetos, engenheiros e mestres de obra em ação, retratando o enfrentamento e desafios cotidianos dessa empreitada.

Mostras históricas

As mostras de longa duração, no andar superior do Mabe, trazem camadas históricas a partir de espaços como a Sala Domênico, Sala De Angelis e o Salão Dourado, cujas expografias remetem ao rico período da borracha, com seus mobiliários, lustres, bronzes, porcelanas e pinturas de época, como também a figuras políticas, na Galeria dos Intendentes da Sala Norfini e Grande Auditório.

Também poderão ser visitadas as mostras nas Salas Armando Balloni, Ruy Meira, Carmen Souza e Waldemar da Costa, que reúnem obras em pinturas, fotografias e esculturas sintonizadas à decolonialidade, representando um esforço consciente no sentido de combater padrões de controle culturais, sociais e epistemológicos que reproduzem poder, opressão e apagamentos.

Coleções

Na coleção de pinturas destacam-se as emblemáticas grandes telas “Os Últimos Dias de Carlos Gomes”, de Domenico De Angelis e Giovanni Capranesi e Fundação da Cidade de Belém, de Theodoro Braga; e um conjunto de onze telas retratando paisagens urbanas de Belém, executadas por Antônio Parreiras, um dos muitos artistas brasileiros atraídos pela prosperidade das capitais da região Norte durante o ciclo da borracha.

Destaca-se ainda, desse período, obras de Carlos Custódio Azevedo e Benedito Calixto, todas essas e muitas mais, adquiridas sob encomenda do intendente mecenas Antônio Lemos. E dando seguimento às diversas formas de aquisição ao longo do tempo, o acervo apresenta outras obras icônicas, como as representações da Cabanagem, de Romeu Mariz Filho; mas também há produção de um período mais moderno, como as obras representativas dos artistas paraenses Antonieta Santos Feio e Waldemar da Costa.

Seguindo períodos correspondentes e indo à contemporaneidade, destacam-se obras de Andrelino Cotta, Arthur Frazão, Alfredo Norfini, George Wambach, Leônidas Monte, Armando Balloni, Tadashi Kaminagai, Cândido Portinari, Dahlia Dèa, Paolo Ricci, Irene Teixeira, Ruy Meira, Benedicto Mello, Chico da Silva, Dina Oliveira, Emannuel Nassar, Luiz Braga, Pierre Verger entre muitos outros. 

Acervo do Mabe

A partir de sua instituição, em 1991, como um departamento da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), órgão da Prefeitura Municipal de Belém, o Mabe foi aberto ao público em 1994, passando a reunir as coleções oriundas, respectivamente, da Pinacoteca Municipal e Museu da Cidade de Belém (Mubel), do qual é originário. Este acervo reúne um conjunto significativo de obras de artistas locais, nacionais e estrangeiros, que referem o período áureo da borracha na cidade e um acervo contemporâneo em expansão.

O museu possui, ainda, peças do mobiliário brasileiro dos séculos XIX e início do XX,  objetos de interior como esculturas, porcelanas, lustres, bronzes, bem como pinturas, gravuras, desenhos e fotografias. Importante ressaltar que a arte cerâmica de etnias amazônicas também está presente nas réplicas elaboradas por mestres ceramistas paraenses, como Mestre Cardoso, Inês Cardoso e Ademar Zaranza.

São aproximadamente 2000 obras produzidas no Brasil e em outros países, com aquisições iniciadas ainda no final do século XIX, pelo Intendente Antônio Lemos, que idealizou a criação de uma Pinacoteca Municipal, sendo a obra matricial encomendada por Lemos, a tela “Os Últimos dias de Carlos Gomes”, em 1899. 

De acordo com a direção do museu, este acervo continua a renovar-se até os dias atuais, sendo particularmente ricos os segmentos referentes às obras produzidas no contexto do período áureo da borracha e à iconografia paraense, representando cenas de Belém, de seus habitantes, como também obras contemporâneas, que refletem aspectos culturais e sociais da Região Amazônica.

"A política de aquisição de acervos realizada pela gestão atual da prefeitura permitiu que fossem preenchidas acentuadas lacunas da fotografia contemporânea paraense nas coleções MABE. Junto ao segmento das Artes Visuais da I Bienal de Artes de Belém, ocorrida em setembro de 2023, foram adquiridas um total de 27 fotografias de fotógrafos paraenses de reconhecimento nacional e internacional, dando visibilidade e aprofundando o conhecimento de uma considerável parcela de obras totalmente produzidas no Pará", diz a artista visual Nina Matos, diretora do Mabe.

Serviço:

A programação de reabertura do Mabe terá início às 18h, nesta sexta-feira, 12 de janeiro. O horário de funcionamento após a reabertura será de terça a sexta, das 9h às 17h. O Museu de Arte de Belém fica no Palácio Antônio Lemos - Praça D. Pedro II s/ nº- Cidade Velha.

Texto: Luciana Medeiros, via Agência Belém
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