Em Belém, muitas homenagens e canções marcam a despedida do grande Paulo André Barata
28/09/2023 08:40 em Atualidades

Foto: Walda Marques

O estado do Pará perdeu nesta segunda-feira (25), no dia em que completou 77 anos, um dos maiores responsáveis pela difusão da cultura paraense-amazônica- o poeta, compositor e músico multinstrumetista Paulo André Barata. O artista estava internado a dez dias no hospital Porto Dias, e a causa da morte não foi divulgada.

O corpo do artista foi velado no Theatro da Paz, patrimônio histórico ícone do Pará, a partir das 22 horas da segunda-feira (25) até as 11 h do dia seguinte (26). No velório, estiveram presentes autoridades locais como o governador Helder Barbalho, o prefeito de Belém Edmilson Rodrigues, além da secretária de cultura do Pará Úrsula Vidal e a responsável pela pasta cultural municipal, a presidente da Fumbel Inês Silva, além de diversos artistas locais, amigos e familiares do artista.

Na cerimônia, foram entoadas canções pertencentes à obra de Paulo André em parceria com seu pai Ruy Barata, falecido em 1990. Entre elas, o sucesso "Foi Assim", canção habitante do imaginário paraense que ficou conhecida na voz de Fafá de Belém.

Celso Rodrigues/Diário do Pará

Homenagens

Nas redes sociais, diversas personalidades prestaram homenagens e lamentaram a morte do autor de "Este rio é minha rua" e "Pauapixuna", como as cantoras Fafá de Belém, Lia Sophia e Joelma Klaudia e a jornalista Cristina Serra, entre outros.

 

Além disso, o Paysandu Sport Club, que teve como um dos fundadores o avô de Paulo André, Alarico Barata, já enviou um comunicado à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) solicitando uma homenagem ao falecido no próximo jogo do clube, a acontecer neste domingo (1), no Estádio Mangueirão, contra o Amazonas, pela quinta rodada do quadrangular do Campeonato Brasileiro da Série C. O time pretende pedir ao público que façam um minuto de silêncio em respeito ao cantor, antes da partida começar.

O governador do estado do Pará e o prefeito de Belém decretaram luto oficial de três dias, e a Assembleia Legislativa do Pará também homenageou com um minuto de silêncio no plenário Neuton Miranda.

Legado

A obra de Paulo André começou a ser projetada nacionalmente quando, a 50 anos, a cantora Carmen Costa (1920 – 2007) gravou a canção Mesa de bar, de autoria somente de Paulo André.

Contudo, foi na voz de Fafá de Belém que o Brasil realmente começou a conhecer o trabalho de Paulo André, cuja imortal parceria com seu pai, Ruy Barata, já vinha se configurando.

Na segunda metade da década de 1970, a cantora conterrânea apresentou músicas que se tornariam sucessos, como Este rio é minha rua (1976), o bolero Foi assim (1977) e a canção Pauapixuna (1977) – composições que passaram a compor o imaginário paraense-amazônico situando este universo cultural e geográfico do Pará na música do Brasil.

Paulo André Barata também foi parceiro do acreano João Donato (1934 – 2023) (Nasci para bailar, 1982) e do baiano José Carlos Capinan (Eternamente, 1997).

Como cantor, Paulo André Barata deixa álbuns autorais como Nativo (1978), Amazon river (1980), Uirapuru – O canto da Amazônia (1997) e Paulo André Barata (2018), o último disco, no qual gravou Nasci para bailar com João Donato.

Oposição corajosa à Ditadura Militar

Dentre as histórias que a cantora Fafá de Belém recorda de sua amizade com Paulo André e Ruy, uma delas chama atenção. Fafá conta que, quando mudou-se com sua família para o Rio de Janeiro, no início da década de 70, conheceu Paulo André Barata e começou a frequentar sua casa, no bairro de Copacabana.

Na residência, além de vários músicos importantes do Brasil, como João Donato e Wagner Tiso, havia também pessoas que estavam na “luta armada” e “militância”, como relata a artista no programa "Canto Poesia", comandado por Arthur Nogueira. Isto aconteceu em plena Ditadura Militar, quando, apesar da intensa repressão imposta pelo governo brasileiro aos movimentos oposicionistas, artistas, intelectuais e estudantes ainda conseguiam organizar-se corajosamente em oposição ao governo ditador.

“Eu conheci Paulo André quando nós mudamos pro Rio, em 1970. A casa do Paulo André, em Copacabana, abrigava desde pessoas que estavam na luta armada, pessoas que estavam na militância, à músicos, grandes músicos”, relatou a cantora.

Via Ponto de Pauta.

 

COMENTÁRIOS