Créditos: Joyce Ferreira/ Comus
"Esse evento é de uma importância muito grande para comunidade negra e nós africanos, de alguma forma, nos sentimos valorizados. A consciência negra tem que ser todos os dias. Participar dessa feira é uma forma de valorizar a minha cultura africana", contou a farmacêutica e empreendedora de moda africana, Fallon Adido, que é natural de Benim, na África Ocidental, e há seis anos reside na capital paraense.
Ela é uma das 20 empreendedoras e empreendedores participantes da primeira Feira de Estética Negra, promovida pela Prefeitura de Belém, por meio da Coordenadoria Antirracista (Coant). O evento ocorre até a próxima sexta-feira, 24, no Solar da Beira, das 9h às 19h e tem apoio do Banco do Povo e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
A abertura da feira ocorreu nesta segunda-feira, 20, Dia da Consciência Negra, com exposição de moda africana, artesanato, vendas de pordutos naturais, equipe de trançadeiras e iguarias criadas pelo povo negro, como o acarajé.
Homenagem - A Feira de Estética Negra homenageia uma das fundadoras do Centro de Estudo e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa), estilista e produtora cultural, Maristela Albuquerque, conhecida como Teteca, falecida em 2009, que contribuiu com o fortalecimento das mulheres negras de Belém.
"Não é uma simples feira. A gente quer tirar da invisivildade essa população, ressaltar a importância e o valor da cultura afroamazônica. Comprar numa feira dessa é também fortalecer a luta antirracista", enfatizou a titular da Coordenadoria Antirracista, Elza Fátima Rodrigues.
Ancestralidade e memória
O Dia da Consciência Negra resgata a história do líder quilombola e símbolo da liberdade dos negros e negras do Brasil, Zumbi dos Palmares, morto em 20 de novembro de 1695,
"Todos os dias para nós são 20 de novembro. A gente quer dizer que a nossa luta é diária. Nós, enquanto Prefeitura de Belém, temos políticas o ano todo, que procura enfrentar o racismo", informou Elza Rodrigues.
A artista Lo Ojuara é responsável pelo grupo de dança Panã Panã, do bairro da Terra Firme, que trabalha a autoestima da juventude preta para fortalecimento da identidade cultural e também está à frente do projeto "Danças de Mairís dos Povos" da Prefeitura de Belém, com objetivo de decolonizar a dança e retomar culturas ancestrais afro-indígenas.
Ela afirma que nada é facil para o povo preto, em um país que nunca pagou sua dívida histórica com os povos indígenas e afrodescendentes, que construiram a nação, mas ainda são muito invibilizados. "A gente ainda luta para sermos reconhecidos. Pra mim como mulher preta, periférica, mãe e afroreligiosa é super importante estar nesse evento", contou Lo.