Por Ju Abe (foto: divulgação)
“Solo do Marajó” é uma tradução da obra de Dalcídio Jurandir para a linguagem teatral com um portifólio respeitável, acumulado em treze anos de existência. Criado em 2009, o espetáculo já rodou 10 estados brasileiros, além de inúmeras apresentações em Belém e diversos municípios do Pará. Neste ano, participou com duas apresentações no Festival Internacional de São José do Rio Preto, acontecido em julho, em São Paulo, e foi convidado pelo SESC São Paulo para apresentar temporada na cidade, em novembro.
O sucesso do espetáculo provém, em grande parte, de sua importância. “Solo do Marajó” apresenta, através do monólogo vivido pelo ator paraense Claudio Barros, a cultura do povo marajoara através da narrativa de Dalcídio Jurandir. Um dos criadores da obra, o também ator e dramaturgo paraense Alberto Silva Neto diz orgulhar-se em poder contribuir com a divulgação da obra do escritor marajoara: “O espetáculo contribui para divulgar a obra desse imenso romancista paraense, e isso nos enche de orgulho”, diz ele, ao lembrar que Solo do Marajó conta com textos integrais do consagrado escritor: “é enunciada a palavra de Dalcídio Jurandir, preservada quase que integralmente como está na obra literária”.
Segundo Alberto, a peça teatral se dá através da exploração de elementos viscerais no palco: “Solo de Marajó é um experimento extremo sobre as possibilidades expressivas do ator, o uso de corpo e voz no espaço vazio”, explica ele, acrescentando que a simplicidade é tida como elemento de autenticidade: “É a busca do simples como aquilo a que não se precisa acrescentar mais nada”, diz.
Hoje, Alberto Neto e Claudio Barros assumem a criação do espetáculo integralmente, de forma que os dois viajam juntos para as apresentações, Alberto na direção e Claudio na atuação. Agora, os artistas preparam-se para a temporada no SESC São Paulo, que acontecerá em novembro, consagrando o espetáculo como um dos representantes de destaque do teatro contemporâneo paraense no Brasil“será mais uma oportunidade preciosa para a difusão da obra do imenso romancista paraense Dalcídio Jurandir”, diz Alberto.
Atuante no teatro paraense desde 1976, Claudio Barros participou de grupos como Experiência, Cena Aberta e Cuíra do Pará. Também possui larga experiência no cinema desde a década de 90, como produtor e preparador de elenco. Já Alberto Silva Neto é ator, diretor e professor da UFPA. Começou no teatro em 1987, atuando em grupos como Experiência, Palha e Cuíra. A partir de 2004, passou dirigir espetáculos pelo grupo USINA, como Parésqui (2006) e Pachiculimba (2017), além de possuir também experiência no cinema com participações em filmes e séries. Ambos os atores estão no elenco do recente e premiado longa-metragem “Pureza”, lançado em 2022 e estrelado por Dira Paes.