Elza Soares foi artista multigeracional como poucas na história da música
Atualidades
Publicado em 20/01/2022

Cantora esteve em Belém a exato um mês antes de sua morte, no Psica festival, e na capital paraense encontrou com Zélia Amador

 

Ju Abe

 

A cantora Elza Soares morreu aos 91 anos nesta quinta-feira (20), no Rio de Janeiro.

"É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais", diz o comunicado enviado pela assessoria da cantora.

Dentre artistas da MPB, Elza Soares habita o time dos que mais se reinventaram. Seu berço comum era o samba, é verdade, mas Elza passeou como uma borboleta entre estilos como funk, pop, música eletrônica.

Desde o “resgate” realizado por Caetano Veloso, quando, após fase de ostracismo na década de 80, literalmente bateu à porta do cantor baiano para lhe pedir ajuda e teve então música no álbum que ele lançou em 1984- “Velô”, Elza começou a ser notada como uma cantora para além do clássico samba, que ela amava.

Ao lançar “A Mulher do Fim do Mundo” (2015) e “Deus É Mulher” (2018), ambos produzido pelo produtor de estética contemporânea Guilherme Kastrup, Elza surpreendeu não somente em estilo, mas em temática, pois os discos cativaram os movimentos de mulheres negras e abocanharam as novas gerações destes grupos.

Elza talvez tenha sido uma das cantoras vivas que mais atravessaram gerações.

Aqui em Belém, fez show a exato um mês atrás, no Festival Psica, e em meio à vários artistas locais representantes da música negra paraense, emocionou a toda a plateia do festival, que tinha como mote principal ser uma representação de arte periférica.  

Aqui, ela também encontrou com Zélia Amador, uma das maiores referências nacionais do movimento negro, e com a cantora Dona Onete, posando em fotos divulgadas em redes sociais de produtores locais ao lado das duas paraenses. 

Como Elza, não houve e nem haverá ninguém. A história de sua vida toda foi uma aventura dessas da gente sentar e desfrutar de camarote, mas Elza foi mais do que alguém que trazia consigo um grande passado.

Elza foi presença viva, musicalidade atualizada e contextualizada. Representatividade e voz de uma geração de mulheres pretas que cada vez mais está se compreendendo e ocupando os espaços que, assim como Elza, fora delas historicamente roubado.

 

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